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Maze Runner : A Cura Mortal

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Depois dos ótimos “Correr ou Morrer” e “Prova de Fogo”, a trilogia Maze Runner, escrita por James Dashner, chega a seu tão aguardado desfecho, que embora conte com um ritmo frenético e boas cenas de ação, não consegue se igualar à qualidade dos anteriores e entrega aos leitores um final deveras desapontador.
curamortal
Título: A Cura Mortal
Título original: The Death Cure
Autor: James Dashner
Ano: 2012 (no Brasil)
Páginas
: 364
Editora: V&R Editoras
Comprar: Submarino | Saraiva | Americanas | Extra
Enquanto os dois livros anteriores aconteceram sob as rédeas do CRUEL, ambos em cenários extremamente diferentes (labirinto e deserto), este livro dá fim aos experimentos e aborda a situação do mundo e das cidades que ainda lutam contra o Fulgor. É interessante ver o cenário pré-apocalíptico criado por Dashner, com cidades culminando ao caos devido à contaminação que não para de se espalhar e o governo tentando lidar com os já contaminados de forma quase desumana, deixando-os presos e juntos para que enlouqueçam e se matem. Enquanto isso, o CRUEL, que é uma organização profissional, cheia de tecnologia, fundida por diversos países do mundo e a última chance de salvação da humanidade, mais parece composta por um bando de trapalhões que não conseguem lidar nem com um grupo de adolescentes. E se isso já não fosse difícil de acreditar, a narrativa ainda fornece uma total descaracterização de vários personagens, com Thomas tomando atitudes inacreditavelmente burras, fazendo com que o protagonista mais pareça um acéfalo do que o jovem que conseguiu sobreviver aos dois experimentos anteriores.
Sim, “A Cura Mortal” é o livro mais deficiente e falho da trilogia. Além de Thomas se tornar um personagem difícil de engolir, outros que eram extremamente carismáticos se desgastam ou são esquecidos pela narrativa. Newt, meu personagem favorito do primeiro livro, quase não teve destaque no segundo e aqui continua quase imperceptível, contando com apenas uma ou duas cenas que se destacam no decorrer da história (uma delas bastante intensa e memorável). Teresa tem uma participação mínima e é oficialmente a personagem mais esquecida e sem desenvolvimento da saga. Introduzida no primeiro livro com maestria e potencial para ser a protagonista ao lado de Thomas, Teresa está ausente durante quase toda a narrativa e é totalmente dispensável no desfecho da história, dando a impressão de que James Dashner a jogou de lado para tentar desenvolver Brenda, pois são extremamente raros os momentos que as duas estão juntas num mesmo capítulo.
A falta de desenvolvimento de vários personagens faz com que não nos importemos com eles (coisa que ainda acontecia nos primeiros livros), o que acarreta na falta de profundidade emocional de algumas das mortes que ocorrem no decorrer das páginas. Você fica um pouco chateado ao ler uma morte, mas as emoções poderiam ser muito maiores se Dashner tivesse se aprofundado mais em seus personagens e criado um elo maior entre eles e o leitor.
Porém, o maior problema deste Maze Runner está em seu desfecho. Depois que seus dois antecessores geraram muito mistério e perguntas na cabeça dos leitores, A Cura Mortal não foi capaz de responder tudo, deixando várias coisas em aberto e não se dando ao trabalho de fornecer as explicações necessárias para fazer com que a história pareça crível. Depois de tantas interrogações, era de se esperar que as respostas fossem mais complexas e que o livro contasse com reviravoltas mais impactantes, o que não acontece. Por fim, é inacreditável que tudo o que foi construído por Dashner culmine para uma solução tão pobre e sem detalhes como a presente nestas últimas dez páginas, fazendo parecer com que a história saiu do controle e o autor teve que improvisar para conseguir fechar a trilogia.
Mesmo com tantos pontos negativos, é difícil dizer que A Cura Mortal é um livro ruim. Ele certamente deve desapontar os que esperam um final grandioso para a trilogia, mas também conta com vários pontos positivos e mantém o mesmo ritmo frenético e cheio de ação de seus antecessores. Se existe uma coisa que Dashner consegue fazer é elaborar cenas de ação empolgantes e cheias de tensão, que conseguem superar umas as outras conforme o livro se aproxima de seu clímax. Falando em clímax, as cenas de ação presentes no terceiro ato deste livro conseguem ser ainda melhores do que as já ótimas de Prova de Fogo. Com o passar das páginas, ao invés de a ação se desgastar, ela só fica maior e mais empolgante. A impressão que fica é a de que o autor escreveu o livro imaginando que ele pudesse se tornar um blockbuster de cinema, porque é difícil não pensar no quanto seria incrível ver toda essa ação transmitida para as telas de um cinema. Com a dose de ação ideal e os famosos capítulos curtos de Dashner, que quase sempre terminam de forma interessante, a leitura flui bem e tem um bom  ritmo, que se mantém constante no decorrer de toda a história.
O romance presente no livro, assim como nos anteriores, é totalmente superficial e dispensável. Dependendo do ponto de vista, isso pode ser uma coisa boa. Enquanto a maioria dos livros infanto-juvenis da atualidade foca-se em triângulos amorosos ou amores impossíveis, Maze Runner foca na tensão, ação e mistério, sendo que a maior e mais bonita relação construída na saga, e que atinge o ápice neste terceiro livro, é a irmandade entre Thomas, Newt e Minho. Mesmo com os personagens tendo perdido um pouco de seu carisma, é possível notar o quanto um se importa com o outro e como deve ser forte o elo de amizade entre eles devido a tudo o que já enfrentaram juntos.
E com este livro damos adeus à saga Maze Runner, restando apenas Ordem do Extermínio, o quarto livro publicado, mas que narra os acontecimentos antes de Correr ou Morrer, quando o labirinto foi desenvolvido. A série não abordou temas mais intensos e políticos como outras distopias de sucesso (Jogos Vorazes e Divergente), mas mesmo com um final regular e abaixo do esperado, conseguiu proporcionar momentos de puro prazer durante a leitura, com todas aquelas cenas de ação e mistérios que ficam martelando na cabeça, coisa que só um leitor consegue entender. Esses trolhos farão uma baita falta!
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